segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SP teve 71 arrastões em restaurantes no ano

Dados da Polícia Civil mostram migração dos casos para a Chácara Santo Antônio e Granja Julieta, na zona sul


A cidade de São Paulo registrou, até o dia 1.º de setembro, 71 arrastões a bares e restaurantes, segundo dados da Polícia Civil obtidos pela reportagem. Na avaliação de associações do setor e da polícia, a pior fase de ataques já passou, mas não há como garantir que eles deixarão de existir.
Mais da metade dos arrastões ocorreu na Vila Madalena, Pinheiros, Itaim-Bibi, Morumbi e Lapa. Mas a Chácara Santo Antônio e a Granja Julieta, na zona sul, tornaram-se os principal alvos dos ladrões no segundo semestre. "A polícia fortaleceu o efetivo nas outras regiões e eles abriram o leque para outras áreas", disse o capitão da Polícia Militar Cleodato Moisés, porta-voz do Comando de Policiamento da Capital.
A Polícia Civil prendeu dez acusados de envolvimento em 13 casos. Todos eram jovens e, segundo a polícia, participaram dos arrastões por oportunismo. "São jovens que até ontem eram menores. A lei deu a percepção de que eles são impunes e podem fazer o que quiserem", disse o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro. Ele considera o número de arrastões alto. "O lazer do paulista é ir ao restaurante. Um único crime já é muito preocupante."
Hábito. Os clientes não abandonaram a ida aos restaurantes. Mas, agora, carregam menos dinheiro e documentos. Para representantes do comércio, os arrastões afastaram os clientes, mas, aos poucos, eles "se acostumaram". "A população não se deixou atemorizar", disse o diretor da Associação Nacional de Restaurantes, Alberto Lyra.
O comerciante e advogado Sérgio Floriano, de 51 anos, estava entre as vítimas de um roubo a restaurante no Morumbi em 8 de agosto. "Um dos bandidos chegou ao meu lado, me deu uma cotovelada e falou: "Isso daqui é um assalto, não é brincadeira"." Levaram documentos, cheques e todo o dinheiro dele.
Após o crime, decidiu parar de sair para jantar. "Nas duas primeiras semanas não fui, mas depois voltei a ir normalmente", contou Floriano. "Agora levo uma carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), um cartão e pouquinho de dinheiro."
Cláudia Hessel Saraiva, de 49 anos, faz o mesmo. "Hoje saio com o cartão de crédito só no dia que vou comprar alguma coisa." Ladrões levaram a bolsa dela durante um arrastão a uma pizzaria na Granja Julieta, no dia 14 de agosto. "No fim de semana seguinte, tive o aniversário do meu cunhado e comemoramos em um restaurante. A mulherada toda foi sem bolsa." 


Fonte: O Estado de S. Paulo

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