domingo, 17 de março de 2013

Dia de sol na Guarapiranga, bombeiro sempre fica alerta

Se os trinta e três bombeiros do Posto de Salvamento Aquático do 4º Grupamento de Bombeiros parassem para descansar no domingo ensolarado, mesmo se revezando, a probabilidade de alguém se afogar na Represa de Guarapiranga seria muito alta.  Ainda bem que eles não param.
O número de frequentadores nas 14 “prainhas” da represa, num único domingo, é de cerca de 10 mil, mas os bombeiros estimam que já teve dia com até 15 mil. Além dos banhistas, há um tráfego intenso de iates, barcos, lanchas, canoas e caiaques, que os bombeiros também monitoram nas suas “rondas”.
“Se você beber, não entre na água”, avisa o sargento Justo, mas não é só o álcool que pode levar alguém a se afogar na Represa Guarapiranga, em Interlagos, zona sul da Capital. Comer demais dá congestão e crianças não devem ser deixadas sozinhas. Quem não sabe nadar deve tomar cuidado nas prainhas por causa dos buracos e desníveis no solo.
Já quem sabe nadar, também não deve se afastar muito da margem - pode ser atropelado por um jet ski ou uma lancha.  A recomendação, para quem quer praticar a natação é nadar paralelamente à margem e não ir para o meio. Em média, os bombeiros fazem cerca de 300 orientações de segurança por dia.
Operação Represa Segura
Outro perigo são os “objetos flutuantes” levados pelos banhistas, como bóias e pranchas. “Dão uma falsa sensação de segurança”, adverte o sargento, porque a pessoa pode se soltar e afogar.
Quinze homens da equipe do comandante do Posto de Salvamento Aquático, tenente Alexandre Antunes, são guarda-vidas temporários - civis treinados durante um mês pelos bombeiros para trabalhar durante a Operação Represa Segura, que começou em 20/12/2012 e termina em 22 de março. Eles usam camiseta e calção laranja. Os bombeiros, o tradicional vermelho.
Busca noturna
O mapa na sala do tenente mostra a extensão da Represa Guarapiranga. São 33 km², quase toda a área no município da Capital (Santo Amaro, Capela do Socorro, Interlagos, Grajaú, Parelheiros) e apenas um pequeno trecho que banha Itapecerica da Serra.
“A segurança de toda a Guarapiranga é nossa”, diz o tenente Antunes, acrescentando que também deixa alguns bombeiros na Represa Billings (trechos em São Paulo, São Bernardo do Campo e Santo André). “A Billings é mais perigosa”, observa Antunes, por isso é menos procurada que a Guarapiranga.
O equipamento disponível no Posto de Salvamento Aquático é formado por 20 embarcações, entre elas lanchas grandes, botes de borracha e jet ski. Os botes a motor estão equipados com farol, highligth, busina e sirene, sendo adaptados para buscas noturnas.
Ronda
A rotina diária dos bombeiros e salva-vidas começa às 7h30 e só termina às 19h30, exceto se tiver um salvamento noturno. Às 11h30 nossa equipe de reportagem saiu num desses botes para uma ronda com os bombeiros. Passamos pelas 14 “prainhas”, apinhadas de visitantes.
Nos pontos de acesso mais fácil, casais, famílias numerosas, grupos de amigos chegam, montam churrasqueiras e caem na água. Já nas praias de pontos mais distantes, são grupos menores. Em cada prainha tem um bote com dois bombeiros, que ficam o dia vigiando e alertando os banhistas sobre os perigos.
Nas prainhas mais movimentadas também há dois bombeiros a pé, que se misturam à multidão, como na Hidroavião, na praia ao lado da sede dos bombeiros, na Barragem e na Ilha da Formiga.
Para se proteger do sol, trajando apenas camiseta regata e calção, os bombeiros contam com o protetor solar. Os botes maiores, que fazem as rondas, levam água, lanche e uma marmita aos salva-vidas que ficam nas praias o dia todo, sempre atentos.
Desde o início da Operação Represa Segura, em 2000, as ocorrências com afogamento caíram drasticamente, fala o tenente Antunes. Neste verão, os bombeiros evitaram 12 afogamentos, mas três pessoas acabaram morrendo afogadas. Causa? “Bebida” ou frequentar áreas não vigiadas, desobedecendo às normas de segurança.
“Antes das operações, as mortes por afogamento no verão iam de trinta a quarenta”, revela o comandante.
Fim do dia
Não houve nenhum incidente nas rondas de domingo, mas a equipe do nosso bote fez algumas intervenções - fomos à Ilha da Formiga, onde estavam várias lanchas luxuosas, para verificar se estaria havendo aluguel de jet ski, o que é ilegal. Descobrimos ainda um caiaque vazio, que flutuava próximo a um paredão, e a equipe foi verificar, mas logo uma lancha se aproximou e rebocou a embarcação.
Fomos então acompanhar por um tempo as canoas havaianas do Yatch Club Paulista que participavam de um torneio, iniciado no sábado (2). Os bombeiros queriam saber se estava tudo em ordem.
As sedes de clubes exclusivos - Yatch Club Paulista, Clube dos Funcionários Públicos, Clube Palmeira, Clube de Campo São Paulo -, condomínios residenciais com saídas para barcos e até as casas de pequenas chácaras e fazendas completam a paisagem diversificada desse caleidoscópio chamado Guarapiranga.
No final do dia a equipe fez a sua refeição no Posto de Salvamento Aquático. O que sobrou do rango ficou para dois mascotes - a cadela Bocuda e um cão de raça que foi abandonado numa ilha e resgatado pelos bombeiros.  
“Sem a intervenção dos bombeiros”, conclui o tenente Antunes, “ocorreriam muitos afogamentos”.
Gabriel Rosado
Fonte: Secretaria de Segurança Pública

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